Quando as coisas se anunciam.
Ele já era um homem velho. Encontrava-se perdido em seu quarto, sem muito que fazer, e cheio de lembranças assombradas pelo passado que, vez por outra, lhe conferia uma visita doce e amarga.
Era um velho, cabelos brancos, dentes gastos, dores aqui e acolá. Estava sozinho entre os moveis empoeirados da sua casa, junto aos retratos dos filhos que não via a tempos, com saudade da mulher que morrera a alguns anos e sem conhecimento sobre a existência dos netos que não conhecera.
Tinha nome e sobrenome, emprego e profissão, restava-lhe uma boa aposentadoria para cobrir as despesas que a vida ainda impunha. Seu nome não interessa a esta história, o que vale é o conto, os desencontros e os pontos.
Estava ali sempre sentado em sua cadeira de madeira com seu roupão. Parecia feliz embora não demonstra-se. Contudo, seu olhar era distante como de um viajante encantado pelos relevos vistos pela primeira vez. Não era um velho mudo! Contava causos, falava coisas obscenas, olhava as mulheres mais jovens e vivia sozinho.
Seus vizinhos não o percebiam, era como um homem invisível em sua dor. Sua casa não era ocupada por ninguém a não ser pelos seus fantasmas. Não consta que recebia visitas, nem cartas e nem telefonemas.
Ele vivia como podia; pensando, comento, saindo para ver o sol, dormindo, indo ao medico, olhando o mundo pela janela. Assim, como quem nada espera, desencantado com a vida e desconhecendo a morte. O velho era como um homem imortal. Assustadoramente imortal, mas, como isso foi possível? É sabido que os homens morrem.
O início.
Não era um homem qualquer. Nascera em uma casa e vivia com os lobos. Quando ainda era criança deve a apreensão desta convicção que o cercou a todo o momento. Ele sabia que vivia na casa dos lobos e que assim sendo, deveria resistir para não ser devorado. O que viria, a saber, mais tarde é que ele nascera lobo.
Tinha em sua humanidade a marca de uma insanidade familiar que fazia seus entes gemer, uivarem como lobos. Uma natureza encantadora e ao mesmo tempo, inquietante. Sabia que deveria controlar-se com todas as forças para conter dentro de si o lobo que lhe habitava o coração.
No inicio de seus dias, não sabia desta circunstância, não sabia ser um bicho e não sabia que ao redor moravam homens e mulheres. Ele não sabia de sua família, da maneira como ela se fez, não sabia que eles eram lobos.
Era apenas uma criança no berço, no quarto dos pais acalentado pelos sonhos e amamentado no seio materno com carinho e amor. Seu pai trabalhava e gostava da idéia de ser pai, embora não soubesse ao certo, o que isto significava.
Os lobos não são bons, nem maus e nem desumanos. São humanos diferentes dos demais, são lobos distintos dos demais. Ele veio, a saber, desta realidade quando o tempo passou. Mas o tempo nunca passava muito rápido e ele vivia como um contador que contabilizando as manhas e as tarde pensava ter controle sobre os dias.
Os dias com suas festas, surpresas e inquietações. Eram dias felizes quando ainda era criança e contava com uma meninice cheia de encantos e ilusões. O tio mais velho irmão de seu pai, os avos de ambas as descendências, os primos e as primas cheirosas, as tias e as invejas, as irmãs e os ciúmes a parentada e seus incomensuráveis conflitos de amor e ódio. Tudo ali como num banquete para famintos.
Ele vivia num jardim de encantos e enganos que só mais tarde seriam percebidos em sua pequenez. Condição deveras inquietante para um velho aprisionado em sua natureza incomum. Como já fora dito, era um homem lobo. Não no sentido maquiavélico nem no sentido desumano que recai sobre as anormalidades. Mas era um lobo homem, algo difícil de descrever.
Os primeiros passos.
Quando tinha cinco anos ele fora surpreendido pela dor. O menino lobo caiu doente. Ele estava ferido pela fraqueza dos ossos. Seu corpo era frágil e ele caiu do muro. Estava experimentando a altura, sonhando com asas quando perdeu o equilíbrio e caiu no chão quebrando o braço. Ele chorava muito e sua mãe lhe acolheu cuidadosamente para conter seu desespero. Sabia que iria sobreviver e pensou que logo poderia voltar a voar.
Lobos às vezes comem aves e sabem por força do instinto que não podem voar. Esses animais são carnívoros como são os homens e dizem até, que são mais nobres em seus hábitos alimentares. O menino gritou sua dor pela primeira vez como quem descobre o escândalo nos braços dadivosos de sua mãe.
Esse foi seu primeiro ferimento e, em dias de velhice, sabia ter muitas outras marcas de saudade e encanto perdidos no tempo.
Como menino fora levado ao médico e no hospital foi tratado. Após o susto e a dor desfrutou as atenções de todos. “Olha só ele já é um homem nem esta mais a chorar” – Comentário do pai incentivando coragem onde ainda existia medo.
O pai orgulhoso de si e precoce no habito da paternidade, observava a situação como um juiz enquanto o menino esperava algumas palavras que não vieram. O gesso lhe foi imposto como um prêmio pela sua imprudência.
Ele então estava capturado. Estava condenado aos dengos da mãe aos desafios do pai. Ele não poderia escapar desta rede, estava feliz. Não tinha juízo para poder escapar. Queria a tranqüilidade dos tempos em que podia agir como um rei.
Ele supôs que a vida seria boa se fosse assim tranqüila e pacífica. Mas, embora o pai fosse logo lhe informar sobre a crueldade, sua mãe lhe impunha o amor como algo inatingível para lobos ou homens. Percebeu desencantado que não poderia amar tanto, visto que não poderia voar como os pássaros. Até no amor reside algo de dor que toca o corpo e feri a alma.
Mas isso ele soube mais tarde e, com muita teimosia, tentou enganar a realidade para manter vivos os pais e seus tesouros proibidos. Os pais às vezes amam por demais, algo endereçado ao fracasso, posto que; até o amor exige limites.
Os cuidados na alcatéia.
Os cuidados da mãe demonstraram-se por demais vantajosos e logo o menino, com seu braço quebrado tornava-se rei e senhor de dotes e bens que não eram seus. Foi assim por muito tempo e esse habito vez morada em sua vida.
Ele aprenderá a ser protegido e acalentado, circunstância que o deixará vaidoso de si. Como uma espécie de Édipo ele dialogava com a esfinge que não lhe dava passagem. Essa situação ganhou o tempo e no horizonte o menino foi aos poucos se tornando lobo. Ele não sabia dessa metamorfose, mas, essa mudança fora em solo fértil plantada e logo haveria de dar bons frutos. O menino gostou de sua esfinge e por longas tardes e noites passou ao seu lado.
Nesse tempo, junto à mãe reconheceu que recebia o inominável, algo mais que afeto e atenção. O menino não resistiu e supôs, em alguns momentos, que estava no paraíso. Cresceu devagar apegado a essa doce ilusão. Uma afabilidade construída em meio à obediência e a devoção. Condição de amor ao pai e à mãe.
Na casa dos pais ele estava soberano mesmo após o nascimento das irmãs. Nota-se bem, ele não tinha irmãos. Era ele o primogênito e o único a ser como o pai, diferente da mãe e das irmãs. Condição de semelhança e não de igualdade, onde o menino anuncia o homem e o filho imita o pai.
A mãe cuidadosa de todas as coisas estava a selar pela saúde do filho. Saúde que se demonstrava frágil. O velho sem seu tempo de menino ganhará do destino inúmeras doenças. Lembra bem e com saudade da caxumba e de sua estadia no hospital. A mãe foi sua companheira nestes dias de cama. O pai também se compadeceu por medo de ver a caxumba desce para as partes intimas e, assim, comprometer a virilidade que os homens devem ter.
O menino, na memória do velho, valeu-se dessas inquietudes aumentando seus domínios. A caxumba não desceu, a virilidade só veio a deter seus ímpetos com a morte de sua mulher por vezes tão amada.
O velho tinha orgulho de suas desventuras e ria suas alegrias. A mãe lhe cuidou com carinho e o pai com rigor. Aprendeu a sentir falta do passado sabendo que só restava o amanha.
Na alcatéia ele aprenderá os ofícios de família e os hábitos de ser da casa. Aprenderá a tirar proveito dos acontecimentos, reconhecera-se semelhante ao pai, porém sem gozar de sua igualdade. A mãe lhe impunha respeito e o pai um pouco de temor.
No quarto escuro onde vivia, numa das paredes havia um quarta-roupa ao abrir sua porta encontrava-se um palito espelho.
O velho gastava tempo olhando para seu rosto. Perguntei-lhe num dia de verão o que fazia. Ele dize que tentava ver alguma coisa. Resposta curiosa, ele via seu próprio rosto desfigurado pelo passar do tempo algo irrecuperável. Portanto, sua resposta era estranha e insisti em minha pergunta.
Ele não gostou de minha insistência e entre meias palavras reprimiu minha curiosidade dizendo que buscava ver sua alma e que não haveria de conseguir enxergá-la, não em virtude de sua sanidade e de seu astigmatismo. Fiquei em silêncio e ele continuou a falar-me: “não há olho capaz de ver a alma de alguém que perdeu a vida estando ainda vivo”.
Em minha ignorância e na arrogância de minha juventude não consegui compreender aquelas palavras. O velho vendo minha cara de espanto deu uma longa risada e disse que: “eu não poderia entendê-lo posto que ele mesmo não sabia o que estava a dizer”.
Ele via sem enxergar, perdido em suas lembranças mantinha-se a contemplar algo que ele desconhecia. Poucas palavras, muitos sentidos e sentimentos saudosos que como alma penada lhe surgiam. Nem sempre a palavra nos auxilia a viver. Nem tudo é dito. O velho sabia que a inocência se perderá e sem culpa não era possível resistir ao tempo.
O Passar do Tempo
O tempo não para, passa no ritmo de nossas existências. O tempo foi passando ele me relata o dia em que saiu do colo da mãe para ir, pela primeira vez, à escola. Não foi um dia qualquer, ele deve medo pela segunda vez. Chorou e gritou por ter que ali ficar sem sua protetora.
Ele logo se acostumou com a ausência temporária, mas, naquele primeiro dia considerou que estava a ser expulso. Ao chegar com a mãe encontrou-se com outras crianças estando feliz. Contudo, a porta se fechou e a mãe fora embora e ele ficou só.
Uma solidão profunda e desesperadora, solidão que agora em tempo de crepúsculo lhe serve de companhia. Ele chorou a agonia de lembrar o dia em que se deparou com uma velha companheira. O menino descobre que os homens e os lobos vivem sozinhos mesmo estando junto a muitos.
O velho fala de sua tristeza de menino com medo no jardim de infância. Ele fora acometido de uma profunda desesperança. Seu primeiro amor indo embora com ar de graça. E ele sem saber o que lhe restava. Rindo como criança relata que sujará as calças. Foi constrangedor ser lavado no tanque com água fria em dia de pouco sol.
O menino gritou pela mãe e ela não ouvirá seu clamor. Fora de fato consolado pela professora que lhe explicará os fatos. Mas, o menino que se achava senhor de um reino encantado, tinha dificuldade em confiar em uma plebéia desconhecida. Ele julgava sua dedicada professora com reservas e receio. Lobos são sempre desconfiados e não gostam de muita proximidade.
Em meio a tantas dúvidas permaneceu a gritar e o único modo de removê-lo da dor, foi convocar a presença daquela mulher – de sua criadora. Esta possuía para ele todas as palavras e assim, diante de sua fisionomia ele calou-se. Como doía a dó do menino para aquela mãe. Uma cumplicidade que durou por toda a vida.
O tempo passou e ele se acostumou com a escola e suas vertigens, ondulações, teoremas e contradições. Aprendeu a regra do jogo, notas boas em matemática, embora ainda hoje, confesse com espanto, não saber contas de dividir. Circunstância deveras estranha para alguém tão absurdamente dividido.
Aprenderá as regras, notas boas em português, embora troque os sons das palavras escrevendo errado por linhas retas. Ele ria de suas contradições de bom aluno de homem feito e estudado. O menino deste cedo era prodigioso em seus estudos e antes que o sol se posse, ele já tinha conquistado escolaridades superiores.
Mas, o velho sabia, mesmo em face de suas reminiscências de menino, que o saber nem sempre permite navegar em águas tranqüilas. Ele tinha o saber por poder e via nisso uma armar carregada para disparar seus ofícios de mestria. Tinha ele a palavra embelezada pela boniteza de seus diplomas escritos com letras douradas que enchiam os olhos dos tolos.
Era chamado de doutor em terra de analfabetos e famintos, convocado ao mando oligárquico herdado dos antigos senhores de escravos, o ferro em brasa como sinal de autoridade e uma nobreza de realeza sem trono.
O menino rei tornou-se doutor depois que completou seus estudos. Mas até esse dia glorioso, muitas coisas foram vividas. Todas elas esquecidas quando refletiram o contrário daquilo em que ele se transformou.
A briga de galo
Ao que parece o menino gostava de encontros com bichos de pena. Desejou desajeitadamente voar o que produziu mimos de mãe e atenções do pai. Ele sendo de natureza felina via nos pássaros anunciações de voar.
Gostava de perder tempo vendo os pássaros voando num bailar encantado e cheio de mistérios que não se pode decifrar. Afinal de que vivem os pássaros se não pela vontade daquele que semeia a vida. Entretanto, resta saber, em tempos de tantos conflitos santificados, quem será deus.
O menino lobo sonhava com santidades e temia as insurreições das assombrações que sempre se apresentam aos viventes. À noite após o pai nosso e a vê Maria ele olhava atentamente para baixo da cama para ver se ali não estava algo de meter medo. Naquele tempo de meninice, entre arvores e um imenso bambuzal ele e seus companheiros viviam aventuras sem fim, perdidos em suas inocências e em seus medos de crianças.
Na casa velha em que moravam entre as instancias da rua e da casa avia uma fronteira feita de bambu colhido naquela floresta imensa que existia na casa ao lado. Deste de sempre aquele bambuzal era uma espécie de refugio contra as dores daquela vida doce e pacifica. Neste espaço do lar o pai com suas preocupações de manutenção da casa criava galinhas e um galo índio belíssimo.
Este galo tinha as penas avermelhadas e era um ser exuberante e majestoso. Era o bicho de estimação da família e um símbolo das honestas e grandiosas preocupações paternas para com o futuro da família. As galinhas eram destinadas a encher as barrigas com requinte de quem tem carne à mesa. O galo servia para anunciar o dia, encantar os meninos, orgulhar o pai e orientá-lo em suas funções.
A quem diga cheio de pompa de ter belos cães de que um galo não serve de bicho de estimação. Mas nesta casa modesta e sem cães um galo caia bem, afinal aumentar a matilha poderia ser algo perigoso.
Todos os dias cabiam ao menino o oficio de tratar da criação. Era dele a missão de dar de comer às galinhas e ao galo. Num desses dias algo novo aconteceu entre a responsabilidade e o encanto que aquelas penas avermelhadas traziam ao garoto. O galo não desejoso de afagos deferiu um golpe com suas agudas esporas no peito do menino que descobriu que até as aves possuem malicias.
Ele saiu do galinheiro severamente ferido. Chorava assustado pelo acontecimento inesperado sem entender os motivos. Coisa de menino buscando razão onde só há instinto e animalidade. Foi a mãe que lhe prestou o socorro necessário. A vida iria dar conta de sarar aquela ferida, mas, haveria de nascer ali uma cicatriz para lembrá-lo da malicia.
O velho relata essa lembrança com alegria e severidade. Ao que parece é apenas um acontecimento entre tantos, mas, a memória teima em registrar o que é importante e não se deve menosprezar esse fato. O velho conheceu a ferida e a malicia, debruçou-se no colo materno e reconheceu que aquele amor cheio de boniteza entre ele e aquela mulher indicava que a mãe pertencia a um homem chamado de pai.
Essa descoberta que parece ser absolutamente natural não possui esse estatuto para os homens. Um homem como me informa o velho é uma criação de palavras, um ato de interdição que os animais não praticam.
Por isso, a de se compreender que o menino por sua natureza canina tivesse ali apreendido algo inesperado que o humanizou em sua animalidade e confundiu sua condição de lobo. Afinal, para os que ali viviam essa era a formula de existir. Era preciso guerrilhar para encontrar no fundo do quintal e em todas as partes a possibilidade de viverem.
O pai lamentou o acontecido e solicitou prudência no trato com os animais. Não fez menção referente ao galo, como quem ensina que mesmo entre as feras há possibilidades imprevisíveis. A vida retomou seu curso e o menino passou a ver com desatenção a figura daquela mulher que era sua mãe e fora seu primeiro encanto de amor.
Há de se registrar que o velho cita ser um galista em termos futebolísticos. O galo era sua paixão eternizada em suas mais felizes lembranças. É curioso perceber que algumas paixões são tão marcantes que não se perde mesmo nos instantes em que o crepúsculo se apresenta.
Um símbolo herdado do pai e eternizado num escudo, numa torcida, numa charanga, numa camisa nove, numa fé devotada que nenhuma lastima ou derrota em campo pode suplantar.
O velho vai desfiando seus enredos, suas lacunas e suas reminiscências demonstrando os encantos que a vida de um homem pode vir a ter. Há um vir a ser ao escutá-lo posto que um homem não pode existir sem um mundo.
A escola
Se o primeiro amor deveria perecer para ficar guardado para sempre, caberia ao menino crescer e dar conta de encontrar outros afagos e outras mulheres. Mas, um menino não sabe amar como um homem, mas um homem não existe sem ser menino.
Foi na escola, um pouco mais tarde, que o menino encontrou as vias de seu olhar pra ver outros amores. As meninas com seus uniformes escolares despertavam um interesse bucólico. As normalistas eram lindas foi assim que se iniciou o relato. Ele se lembrava do uniforme escolar, das saias pregadas que as moças usavam, dos sapatos severos que os rapazes tinham, das brincadeiras entre uma aula e outra.
Era assim que tudo se iniciava e juntos aos outros meninos os amores eram descobertos vagarosamente. O velho se lembra desses momentos que não se foram inteiramente. Na escola tudo era engraçadamente separado, mas apesar de todos os esforços disciplinares meninos e meninas não poderiam estar separados.
As boas normas e os rigores não eram suficientes para apaziguar a curiosidade que a diferença de gênero apresenta àqueles olhares repletos de vontade de se encontrarem. Antes do inicio das aulas meninos e meninas encontravam-se em filas separadas, perfilados por ordem de tamanho, no pátio à espera do “Pai Nosso que esta no céu” e do “hino nacional”. Após esses momentos solenes todos marchando para as salas como militares.
Eram nesses momentos que a escola reforçava seus rigores. Oportunidade para um bom observador perder seu olhar em meio a tanta diversidade. O velho sentia uma estranha vontade de rir na hora da oração e um imenso medo de ir para o inferno por sacrilégio e pecado, condição de ser cristão.
Gostava de alimentar amor à pátria embora esse durasse enquanto o hino nacional fosse executado. A pátria, me confessou, é grande demais para ser amada, é perigosa e insinuante como uma mulher casada com idéias de amor proibido. Ao ceder cegamente a esse amor estamos condenados à guerra, à morte, à miséria embora possamos adquirir algumas medalhas de honra ao mérito.
Este texto tem uma dimensão metafórica. Vou produzir outros capítulos.
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