domingo, 9 de maio de 2010

Atos

Não gritei socorro foi preciso silenciar.

Esperei em cima da cerca

Ao longe vi e revi o boi da cara brava.

Temi estar sentado admirando o bicho.

Estava proximo demais para fugir.

E longe o suficiente para não resolver a pendenga.

Nunca tive o tom de tocar bois, 

Era bom em abrir porteira,

Lembrei-me desse habito e de um velho com seus gritos.

E boi, tcho, tcho, e boi.

Ele era habilidoso no trato com as criações; eu nem tanto.

Me lembro desse tempo.

Fogão de lenha, biscoito de polvilho,

Pés de manga, primos e primas,

Jabuticabas pretinhas e doces.  

Escrevi em mim o velho hábito que colhi desse homem e de suas criações.

Habito de abrir porteira e temer bois,

Tenho cuidando das criaturas,

Caminhando como um Aleijadinho cercado por anjos,

Trilhando caminhos ao lado dos bens herdados e acumulados nos cestos de bambu,

Preservados no paiol junto aos frutos colhidos. 

Quero encontrar um rumo porque não sei qual caminho seguir,

Talvez não exista caminho apenas caminheiros e passos a dar.

Ir à direita e virar à esquerda, encontrar atalhos e trilhas.

Não perguntar mais sobre o consumado?

O que passou já está feito.

Amanhã é um novo dia.

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