Compreendo a indignação de todos com relação ao panorama político eleitoral de Minas e do Brasil. Considero que em última análise o que está em questão não são as ideologias e seus programas. Há algo de podre em todos os discursos e só nos resta procurar uma terceira margem do rio como propõe Guimarães Rosa. Não se trata apenas de uma figura de linguagem romântica e fadada ao fracasso. O cenário que estamos vivendo aniquila mais que nossa esperança ou nossas aspirações de um país mais justo. Esse cenário, em virtude de sua violência institucional, nos coloca numa encruzilhada: temos que buscar uma terceira margem. Qual seria? Só podemos saber juntos!
De qualquer forma haveremos de ter disposição para lutar contra a tirania que se manifesta em todos os cantinhos de nosso existir. Temos que sustentar um pouco de poética porque não há solução final e, todas as vezes que a buscamos, cometemos atos absurdos. Vivemos num tempo de incertezas e insegurança, entretanto, nunca tivemos tanto acesso ao conhecimento. Não que o “conhecimento” possa nos salvar, não é isso. Mas, a assertiva de Boaventura merece nossa atenção “buscar um conhecimento prudente para uma vida descente”. Isso nos implica pelo simples fato de não sabermos como fazer isso. Isso pode nos ajudar a pensar terceiras margens. Pergunto-me, a cada dia, onde anda nosso desejo, nossa subversão. Estamos ficando cansados e paralisados temos que fazer algo inimaginável.
Acho que na loucura descrita por Foucault, nas artes, nos poemas de nossos poetas e na cultura popular há algo potencialmente transformador. Entretanto, nos curvamos aos “lideres”, todos nós, eu também. Não podemos abrir mão dessa pulsão mortífera para assumir novos riscos e responsabilidades? Quero lembrar que esse nosso tempo conheceu Mandela e sua luta. Há inúmeros outros exemplos, mas, esse é um que temos que buscar para encontrar uma expressão político-poética para as nossas rebeldias. Mandela é um verbo a ser conjugado por nós, um poema a ser lido, um texto a ser escrito. Quem são mesmo esses pobres senhores em face desse exemplo? Não podemos cair no discurso simples de que não há mais o que fazer e salve-se quem puder. Vamos pensar juntos terceiras margens antes que a lama nos afogue.
Concordo com o seu texto, porque percebo e vejo como a sociedade em que vivemos vem consolidando continuamente uma série de padrões e valores e regras gerais que não têm nada a ver comigo nem com um monte de gente que busca desalienar-se ou fugir de tudo isso, o que, infelizmente, não pode ocorrer, senão de modo parcial e por meio da subversão dos ditames impostos de forma rígida, através de ações concretas no dia-a-dia, por menores e mais insignificantes que possam parecer.
ResponderExcluirMandela é um dos que lutaram por seus ideias e a história de sua vida é um exemplo para mim. Há algum tempo venho elaborando um modo de mencioná-lo de modo assertivo em meu Blog, o que ocorrerá em breve. Você escreve muito bem, parabéns!
http://francorebel.blogspot.com/
Há um menino santo em cada um, em Mandela, há um homem santo num velho menino de sorriso fácil e belo. Existe um termo na lingua desse homem que revela sua gente que devemos cópiar. Na verdade trata-se de um conceito que informa que minha humanidade se formula na humanidade do outro esse que é meu semelhante. Estamos assim, unidos em todas as direções, logo, podemos superar os aparthaids, os muros, os miseis telequiados e toda sorte de monstruosidades. Não é fácil, mas, é preciso ser? o que importa é que é possível fazer! Vamos manter contato, ok! Vou ler seu textos!
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