Estava olhando o pé de minha mulher
Não que goste mais de pés do que de outras partes
Se há uma parte nesse olho que perde-se observando seu pé é que ele balança
Balança como uma cadeira onde repouso meu tédio
Balança entre o sim e o não com suas curvas sinuosas
Balança, balança movendo-se pelos caminhos, pelas encruzilhadas, pelas curvas e pelas retas;
Pelos morros e asfaltos e por aqui e ali.
Balança num ir e vir frenético balanceando meu olhar, meu desejo, minhas suplicas de amor.
Meu amor e seu pezinho de encanto e ternura
Amorzinho que balança entre um ir e outro vir
Ai como dói a delícia de ter você em partes
Sim, em partes, amor todo é louco demais.
Você e seu pé, pezinho meu de amor, amorzinho parcial
Parece uma plantinha delicada que cresce como um ramo de meus ofícios de amar
Mulher é um encanto de encantaria sem fim;
Redundância e inventividade apalavrando um termo, um jeito, um meio para falar de você
Para ficar com você, beijar, tocar, amar, acariciar, gostar, rosar etc. e tal
Aprendi isso na roça, lá no rincão onde o rio faz curva dobrando a gente, dando nó
Em meio à mata com seus bichos e nossos medos, lagoas e plantios.
Ajeitei de falar assim, porque no tempo de minha infância, me lavei no córrego das almas,
Onde fiz morada, lá a água é ardente e a fonte é doce.
Coisa difícil é dizer o que é a mulher,
Lá em Santo Antônio da Mata, onde sepultamos saudades, mulher é coisa de doçura e severidade,
Lembro-me de minhas tias como cozinhavam gostosos as quitandas de nossas tardizinhas,
Que vinham quando o sol enamorando-se com a lua se olhavam, rapidamente, antes que a noite faça seu reino
Não me venhas com pés na bunda,
Gosto muito de corpo de moça dengosa como você, mas, não quero pés na bunda.
Quero fazer plantios com você de pezinhos de amor para boa colheita em dias pares e impares,
Coisa que reconforta minhas delícias.
Por isso meus pés balançam... balançam...
ResponderExcluirEles querem ficar.
Apesar de percorrerem caminhos....