segunda-feira, 31 de maio de 2010

Carta aos caros alunos

Meu caro, essa é minha melhor denominação, para vocês. Não lhes escrevo um elogio, sou elogioso em muitos momentos, mas, quero que leiam esse texto, como meu melhor testemunho de reconhecimento à particularidade, humana, poética e intelectual de vocês. Certamente, vocês sabem, que há pássaros de inúmeras cores. Mas, um dias desses, despretensiosamente, um pássaro me informou sobre o aceite à fuga empreendido por vocês. Compreendo, perfeitamente bem, seus motivos. Vocês são como anjos tortos, como aquele que conduziu Drummond, a escrever seus encantados e encantadores poemas. Meus caros, tenho há algum tempo, me deparado com seus textos. Vocês são aluno caros, por seus textos. Os outros atributos, são menos valorosos que aquilo que vocês escrevem. Muitos de seus pares, não possuem o essencial, para uma boa formação acadêmica. Eles, simplesmente, não possuem um texto e, pior ainda, não desejam vasculhar suas cabeças, absolutamente, normais, para fazer erigir tal produção. Alias, meus caros alunos, vocês, devem pagar um tributo, dia-a-dia, por essa condição existencial de escrever. Algo que dói, acorda a gente de madrugada, da dor de cabeça etc. Há, efeitos em escrever, que também são muito úteis ao nosso funcionamento psíquico. Escrever é um modo, muito específico, de tratar das coisas que sabemos e daquelas que desconhecemos. Não permitam que a bestialidade humana, transvestida de normalidade, imperiosamente, lhes digam o que vocês desejam. Tenham, a plena autoridade e responsabilidade de dizerem de seus desejos, afinal o outro, nada pode dizer sobre isso. Vocês meus caros alunos, como todos os outros, possuem um pé torto, uma mão com alguma cicatriz, uma unha encravada ou qualquer outra coisa do gênero. O que quero lhes dizer: ninguém possui uma humanidade superior, sacrossanta, perfeita e pura. Suas diferenças são semelhantes, a todas as outras diferenças, que nos constituem como humanos. Não há, entre nós, nenhuma bestialidades. A “loucura”, e seus congêneres, não são bestialidades. Besta é quem se entrega aos estigmas. A diferença, meus caros, nao pode ser codificado como um estigma porque quando permitimos isso, fortalecemos as opressões. Sejamos prudentes, mais opressões seria um ato insano, e isso se constitui, numa brutal loucura. Portanto, quem são os loucos? Seus lugares podem ser nas salas de aula, para tanto, sustentem seus desejos e tratem de suas diferenças. Lembrem-se, há em nós, algo intratável, por isso, tenham paciência e coragem, força e fé!                              

2 comentários:

  1. "Aliás, meus caros alunos, vocês, devem pagar um tributo, dia-a-dia, por essa condição existencial de escrever"


    O brilho da fé pode cegar, minha nega
    Feito gota de sangue na mão cortada
    Portanto, se a fé é cega, meu branco
    É porque a faca deve ser bem amolada.

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  2. vim a esse mundo não sei pq,que nem vcs mesmo o sabem,tb pq estão aqui,vejo incredula como se admiram com noticiais e casos tão superficiais e do dia a dia...................
    se dizem saber e buscar,pq não fazem o certo em vez de apenas seguir os mesmo que continuam a divulgar apenas........
    "somos todos iguais,a diferença é termos consciencia que vc é q nem eu..."Maria*.

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