sexta-feira, 4 de junho de 2010

O que Israel nos revela

Os últimos episódios na Faixa de Gaza, envolvendo o Estado de Israel e os navios com suprimentos para os palestinos, a nosso ver, retomam algo de uma intolerância cega, de uma brutalidade mortal. Hannah Arendt (1951), intelectual marcada pelo genocídio imposto pelo Estado Nazista, debruçou-se sobre esse escândalo do holocausto aos judeus e, de outras etnias, ao escrever seu celebre A Banalidade do Mal.
Ao assistir os julgamentos de oficiais que participaram das atrocidades no Tribunal de Nuremberg, ela escuta justificativas, absolutamente banais, para o extermínio. Para a autora, isso envolve a liderança e o discurso carismático de Hitler, que mobilizou no povo alemão um ódio contra os judeus. Há aspectos relativos ao fato de que a Alemanha, derrotada na I Guerra Mundial, encontrava-se em situação econômica, política e moral subalternizada em relação aos demais países.
O carisma de Hitler, somado a essas circunstância sócio políticas, contribuíram, em grande medida, para tornar os judeus inimigos do Estado Alemão naquela ocasião. Nada mais que um engodo fora produzido e, uma cegueira branca, capturou a mentalidade dos alemães, atingindo seus ideários de pureza racial, direcionados pelos nazistas. Identificamos justificativas, igualmente banais, por parte das autoridades israelenses, para justificar mais esse “incidente” na Faixa de Gaza, protagonizada por seu excepcional e, fortemente armado, exército.
Essas considerações não devem ser confundidas como anti-semitismo, os judeus e Israel, também podem e devem ser criticados. Inclusive a opinião internacional, e inúmeros países tem questionado essa ação militar, exigindo investigações. Ao que parece, esse tipo de ocorrência tem se intensificado mundo afora, revelando que, em nome da alto defesa, produzimos antagonismos terríveis.
O que isso tem a ver com a diáspora? Não podemos ignorar que há um holocausto secular movido contra as diferenças, ele já não é silencioso – nunca foi – e revela um desejo de pureza, que sendo inalcançável, extermina o futuro. Os afro-descendentes, espalhados pelo mundo, podem disso falar.  

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