Sobre nós e o outro.
Este que nos habita e que negamos.
Escrevo em homenagem aos opressores
Que vez por outra sou eu e você.
Escrevo em memória das crianças.
Crianças sujas, perdidas, usadas e abusadas.
Elas pedem migalhas.
Antes, fizemos o mesmo com seus pais.
As crianças ganham correntes.
Estamos cegos e surdos.
Elas falam em dialetos palavras fracas.
Imensidão de violências.
Elas pedem moedas.
Nós ganhamos as sobras.
Produzimos humanidades gastas em moinhos de gente desvalidos de toda a sorte.
Gente de muitas cores e dores.
Estamos cegos, surdos e sujos.
Semeando mortandade colhemos nossas maldades.
E caminhamos serenos sobre a lama.
Não há como ter equilíbrio, precisamos da embriagueis de nossas insanidades.
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