domingo, 9 de maio de 2010

Poema Sujo


Escrevo versos sujos.

Sobre nós e o outro.

Este que nos habita e que negamos.

Escrevo em homenagem aos opressores

Que vez por outra sou eu e você.

Escrevo em memória das crianças.  

Crianças sujas, perdidas, usadas e abusadas. 

Elas pedem migalhas. 

Antes, fizemos o mesmo com seus pais.

As crianças ganham correntes.

Estamos cegos e surdos.

Elas falam em dialetos palavras fracas.

Imensidão de violências.

Elas pedem moedas.

Nós ganhamos as sobras.

Produzimos humanidades gastas em moinhos de gente desvalidos de toda a sorte.

Gente de muitas cores e dores.

Estamos cegos, surdos e sujos.

Semeando mortandade colhemos nossas maldades.


E caminhamos serenos sobre a lama.

Não há como ter equilíbrio, precisamos da embriagueis de nossas insanidades.

Caímos e rolamos no moinho de gente.

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