terça-feira, 15 de junho de 2010

Jardins

Gosto dos jardins com rosas;

Vê-las assim soltas no tempo, acalentando o caminhar;

Observar as pétalas que caem;

Vê-las soltas no tempo me lembram meus avos.

As rosas e as pétalas existem para irem embora;

Elas inscrevem no tempo a constância da velhice.

Renovam nossas esperanças alargando as expectativas;

São joviais e coloridas, mas, nem elas resistem aos dias.

As rosas são delicadas, estão pelos cantos das praças, perdidas nos jardins.

Quando vistas colorem os olhos e nem sempre somos delicados.

Faltam-nos pétalas temos espinhos em demasia.

Vida empalidecida pelo tempo para morrer.

Teremos dias de jardim, mas, minhas lágrimas são pretas.

Preta é a cor da caneta que uso para traçar meus escritos.

É com ela que bordo os meus versos;

Essa ocupação de preencher folhas brancas com letras esse é meu modo de  chorar.

Um jeito de ressuscitar sem medo;

Meu ocultismo é público.

Mas as minhas lágrimas são grifos de minha mão direita;

As rosas sabem disso porque dize isso a elas;

E elas nada falaram,

Estavam mudas, em silêncio como apontou Cartola.

Queria ser apenas um jardineiro e cuidar desse silêncio;

Mas, nasci falando e meu dialeto é detido pela palavra;

Que as rosas, possam ao menos, me acompanhar no dia em que for embora;

Possam elas enfeitar meu esquife e perfumar-me uma vez mais.

Deitar em meu peito e dormir no meu silêncio.

Neste dia espero encontra a velhice de meus avos e dormir sossegado.

A perenidade da vida é ser ancião;

E ter do tempo dias para contar e noites para esquecer;

E viver lembranças como que conta história de fazer ninar;

Boi da cara Branca, Saci Pererê, Tia Perpetua, Vô Mundico, Zumbi com Palmares. 

3 comentários:

  1. Se o tempo fosse maleável como um papel...
    O blog está muito bom, Ricardo! Parabéns!

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  2. A companhia das rosas só é possível devido a primavera de nossas palavras.

    Adorei te ler por aqui Professor Ricardo, aparecerei mais vezes.

    Sua aluna, Débora Almeida.

    Beijo.

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  3. Essa ocupação de preencher folhas brancas com letras esse é meu modo de chorar.


    Lindo e verdadeiro

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