Gosto dos jardins com rosas;
Vê-las assim soltas no tempo, acalentando o caminhar;
Observar as pétalas que caem;
Vê-las soltas no tempo me lembram meus avos.
As rosas e as pétalas existem para irem embora;
Elas inscrevem no tempo a constância da velhice.
Renovam nossas esperanças alargando as expectativas;
São joviais e coloridas, mas, nem elas resistem aos dias.
As rosas são delicadas, estão pelos cantos das praças, perdidas nos jardins.
Quando vistas colorem os olhos e nem sempre somos delicados.
Faltam-nos pétalas temos espinhos em demasia.
Vida empalidecida pelo tempo para morrer.
Teremos dias de jardim, mas, minhas lágrimas são pretas.
Preta é a cor da caneta que uso para traçar meus escritos.
É com ela que bordo os meus versos;
Essa ocupação de preencher folhas brancas com letras esse é meu modo de chorar.
Um jeito de ressuscitar sem medo;
Meu ocultismo é público.
Mas as minhas lágrimas são grifos de minha mão direita;
As rosas sabem disso porque dize isso a elas;
E elas nada falaram,
Estavam mudas, em silêncio como apontou Cartola.
Queria ser apenas um jardineiro e cuidar desse silêncio;
Mas, nasci falando e meu dialeto é detido pela palavra;
Que as rosas, possam ao menos, me acompanhar no dia em que for embora;
Possam elas enfeitar meu esquife e perfumar-me uma vez mais.
Deitar em meu peito e dormir no meu silêncio.
Neste dia espero encontra a velhice de meus avos e dormir sossegado.
A perenidade da vida é ser ancião;
E ter do tempo dias para contar e noites para esquecer;
E viver lembranças como que conta história de fazer ninar;
Boi da cara Branca, Saci Pererê, Tia Perpetua, Vô Mundico, Zumbi com Palmares.
Se o tempo fosse maleável como um papel...
ResponderExcluirO blog está muito bom, Ricardo! Parabéns!
A companhia das rosas só é possível devido a primavera de nossas palavras.
ResponderExcluirAdorei te ler por aqui Professor Ricardo, aparecerei mais vezes.
Sua aluna, Débora Almeida.
Beijo.
Essa ocupação de preencher folhas brancas com letras esse é meu modo de chorar.
ResponderExcluirLindo e verdadeiro