domingo, 2 de janeiro de 2011

O Dia que nos Tornamos Independente

Estou tendo grande dificuldade em escrever acho que estou envelhecendo e me encontro fora de minhas melhores condições. Entretanto, nada disso interessa mais que a realidade e seus incomensuráveis fatos. A realidade invade nossa existência e torna as coisas inteligíveis. Assim, podemos compreender a vida em seus inúmeros acontecimentos alguns mais felizes outros infelizes. A vida é assim, contudo, podemos viver melhor com esperança e trabalho.
Ontem dia 1º de janeiro ouvimos muitos discursos importantes e presenciamos um momento histórico relevante que envolve todos nós. Ontem, pela primeira vez nesse país, uma mulher assume a presidência do país após suceder um operário. Ontem, pela primeira vez, vimos um presidente sair do governo e ir até seu povo como se fossemos íntimos.
O novo presidente do país disse coisas fundamentais: realizar uma reforma tributaria, assumiu que os professores são a máxima autoridade na educação, que precisamos superar nossa histórica e péssima distribuição de renda e que temos que produzir desenvolvimento com preservação da natureza. Além disso, está colocado algo imprescindível à construção de um país democrático e justo: garantir nossa soberania, ou seja, o modo específico como nos pensamos e estabelecemos nossa governança, estabelecemos nosso lugar no mundo sem temer nossos pensamentos, sem nos submeter a tiranias e com autonomia para defender com justiça nossos interesses.
Muitas outras coisas foram feitas e ditas entre elas o compromisso de amor pelo Brasil e seu povo peculiar, alegre, feliz e extraordinariamente forte. O Brasil sempre foi um país importante para o mundo deste nossa brutal colonização e hoje ainda é objeto da cobiça alheia pelas suas incomensuráveis riquezas. Nosso povo movido pela sua boa fé sempre esteve por inúmeros acontecimentos mobilizados por más intenções. Intenções que esculpiram em nós autoritarismos, imperialismos, colonialismos e, por vezes, preconceitos e o sentimento de inferioridade.
Esse conjunto de coisas nos vez ver os outros como superiores a nós. Entre nós mesmo desenvolvemos esse curioso sentimento e nos separamos de nossos compatriotas mais vulneráveis às circunstancias nefastas que aprofundaram nossos quadros de miserabilidade, violência, racismo, e pobreza. Os recentes acontecimentos como o absurdo aumento de 62% dos salários de nossos parlamentares e a guerra interminável nos morros de nosso país, revelam esses horizontes desafiadores que temos pela frente e que comprometem nosso futuro e nossa responsabilidade com nós mesmos e com os outros.
Um país exige trabalho e discursos para formalizar os horizontes. Nossa condição humana exige que estejamos no mundo junto aos outros e nessa perspectiva, desenvolvemos nossa vida e politicamente nos constituímos como senhores de nosso destino e donos de nosso amanha. O Brasil inaugura com a força de sua gente e a grandeza de nossos ancestrais – índios e africanos – que nos forjaram nas fornalhas de nossas inúmeras histórias de terror e opressão, um novo tempo de luta pela igualdade, justiça e democracia.
Temos com a vitória de Dilma a inscrição de um novo paradigma para pensarmos o futuro e como queremos contribuir para um mundo melhor. Para mim, a vitória de Dilma não representa simplesmente a vitória de um partido, ou de uma mulher ou mesmo a continuidade de um governo com amplo apoio popular. Essa vitória que é de todos nós representa a possibilidade de retificarmos os antagonismos inaceitáveis que permeiam nossa vida politica e condenam nosso futuro ao passo em que, definem a iniquidade e a miséria de inúmeros brasileiros por suas origens populares. Somos um povo de origem negra e indígena e essa condição foi traduzida por nossas elites como uma prova de nossa absoluta e insuperável subordinação aos interesses que visam nos inferiorizar para facilitar o saque de nossas riquezas e determinar a miséria perpetua de nosso povo.
O Brasil já não deseja ser uma colônia, não admite mais ser um país importante para um mundo, cada vez mais colonialista onde as “grandes” potencias, que nos qualificam como atrasados e pertencentes aos terceiro mundo produzem guerras para garantir sua soberba.
A vitória que se formulou ontem, dentro de nossos ordenamentos jurídicos, pode representar o inicio de uma nova era de prosperidade e de proximidade do Poder Público com os interesses de nossa gente. Nosso povo elegeu um presidente com nossa fisionomia, com origens semelhantes às nossas e produziu um governo com apoio popular que realizou inúmeras mudanças importantes. Temos que participar da continuidade das coisas que foram semeadas.
Nossas elites participaram das mudanças necessárias à edificação de um país mais justo porque a grandeza de nosso povo e a presença de nossa iluminada ancestralidade guiara nossos passos rumo ao futuro. O país vai mudar porque essa é a principal mensagem que existe em nosso belo Hino Nacional, que como uma profecia de fé e esperança, proclamam um mundo novo.
Há tempos somos vistos como uma terra exótica, uma espécie de paraíso perdido na terra, um país do futuro, etc. Nunca fomos, em tempo algum, uma gente bruta, inferior ou medíocre por nossas origens culturais e raciais. Nossos filhos de nossa terra e haveremos de saber disso para além das considerações pejorativas que nos enganam e nos deixam confusos. Nosso trabalho é sustentar a noção que o poder emana de nós e por nós deve ser exercito.            

2 comentários:

  1. "... Analphaville, Analphaville...



















































































    ... Há de acreditar, há de acreditar
    No rio que corre pro mar..."

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  2. Não podemos perder a fé, essa que move nossas vontades e nos impulsiona para a vida.

    Rose Tunala (Psicologia São Camilo)

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