sábado, 25 de junho de 2011

Iventurias


Tenho desejo de produzir tolhas da ilha da madeira
Com pontos mil, cruzados, transados em zigue e zague
Toalhas de senhoras de fazenda como aquelas de minha vó lá em Santo Antonio da Mata
Caras como as quitandas feitas ao fogão de lenha, como os ventos e ricas como o anoitecer
Toalhas advindas do oriente e traçadas no ocidente
Quero ir a essas veredas, ir sem fim, até o por fim onde o sol debruça-se após o dia.
Ir para falar minhas faltas e gritar meus desencantos
Chorar minhas canseiras e minhas implicações
Em tempos pontiagudos é preciso semear mansidão
Compor cantigas de rebeldia com docilidades angélicas
Brincar de palavra cruzadas e pular amarelinhas
Compor uma aquarela de verbos
Jurar amores a uma donzela, bailar austero e confiante frente às maldades.
Mas, há uma coisa a não permitir, algo a resistir:
Não deixar-se matar e não morrer sofrendo, não virar objeto e não desacreditar o sujeito
Coisa delicada, inventiva e lúcida a se fazer
Calma e perene a constituir-se ao longo das falas
Que coisa é essa?
Que caminha nas entrelinhas dos discursos, no ir e vir das palavras
Entre o dito e o resto a dizer.
Significado é dicionário comum à vida
Significante é inventuria para existir 
Inventuria é palavra forjada para exprimir evento e aventura
Façamos assim: inventuria produzidas como contos
Contos de divã     
Desconexos modos de falar sobre os meios como existimos. 

Um comentário:

  1. Tecendo colchas de croché.

    Pontos (cruzes{!}) cruciais [in]significantes.

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